quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dona Azul

A pedidos, estou colocando um texto que escrevi no início do ano sobre minha volta depois de 2 meses sem correr. Me diverti muito escrevendo :-)
 
Hoje eu acordei super feliz da vida por poder retornar a atividade física. A abstinência de endorfina está causando danos irreversíveis na minha vida e no meu cartão de crédito.
O médico me liberou para começar a caminhar 10 minutos em um ritmo bem lento. "Aaaahhh Dr. X, vc não reparou direitinho em mim. Achou mesmo que eu iria me contentar com 10 minutinhos em ritmo lento???? Você realmente não me conhece Dr. X!!" Nem nos dias que fui no shopping passear com minhas amigas consegui 10 minutos em ritmo lento!!! Lerda pretensão.
E como eu inventei coisas nesses 2 meses que não estou correndo! Enchi minhas orelhas de brincos mais um piercing igual ao da Guilhermina, massagens, limpeza de pele,  tou pensando em um tatoo... PAAAARAAA!!!! Preciso suar!
Eu me acho uma pessoa disciplinada e isso justifica muitas das minhas neuroses. Quem me conhece sabe disso. Se o Dr. X falou para caminhar 10 minutos em um ritmo leve, minha tendência seria cumprir.
Mas hoje deixei a neurose um pouco de lado, levantei com a certeza que ia caminhar leve, mas no mínimo 30 minutos. Até me produzi para minha reestreia!  Cheguei no parque e fiz minha primeira volta em ritmo lento.  J.U.R.O.Q.U.E.T.E.N.T.E.I. Mas logo nesta volta resolvi que iria completar 5k independentemente se isso passasse de 30 minutos.
Adoro observar as pessoas e pensar na vida enquanto corro, agora caminhando teria mais tempo. Corredores rápidos passando esbaforidos para terminar o treino. Patricinhas correndo empinadas, fazendo pose. Homens e mulheres caminhando por prazer e por saúde. As vezes dá para identificar exatamente os dois tipos.
E como invejei as corredoras, com seus shortinhos e tênis coloridos, suando bicas e aproveitando a endorfina! Me aguardem!
Na segunda volta me animei e apressei o passo. Me sentindo inconformada com o impedimento de correr resolvi que esse negócio de ritmo lento definitivamente não era para mim. Então me dei o direito de  completar as 5 voltas, mas em ritmo moderado. Minha maior justificativa foi aumentar a passada para tirar proveito do treino. Se não era para cansar deveria pelo menos me ajudar melhorar a mecânica da minha futura corrida.
Na terceira volta eis que surge uma senhora toda de azul (tênis, legging, top, boné e meia de bichinhos). Caminhando rápido com os braços recolhidos a 90 graus fazendo movimentos tão amplos que parecia que marchava. Ela me ultrapassou!!!!
É difícil reconhecer, nunca me achei competitiva, mas apertei o passo, aproveitei uma ladeira e ultrapassei Dona Azul. Até olhei para trás com um prazer maravilhoso.
Me perdi novamente nos meus pensamentos, me prometi a me comprometer mais com minhas metas incluindo isso a corrida. Resolvi ir atrás de todos objetivos que tinha.
Nessa hora a Dona Azul emparelhou comigo querendo me ultrapassar de novo. Vi até um sorriso debochado em seu rosto. Virei bicho, aumentei as passadas e a ultrapassei definitivamente. Isso de ritmo lento e moderado, mesmo caminhando, além de não combinar comigo, não faz parte da minha natureza.
No começo da quarta volta outra resolução: vou fazer a quinta a volta trotando! Dona Azul não deu mais sinal de vida ou abri distância suficiente ou o treino dela acabou. Escolhi a primeira opção e me senti vitoriosa.
Lembrei de uma corrida da T&F que uma menina colou em mim nos ultimos 2 km, correu junto, somente alguns centímetros atrás aproveitando o meu ritmo. Eu via somente a mão dela segurando uma camiseta pink. Nas fotos da prova dá para ver claramente como ela tava no meu pé até me ultrapassar sem piedade nos últimos 500 metros.
Não tive fôlego de acompanhar, mas fiquei chateada por três motivos. Primeiro por não tê-la acompanhado, depois por vê-la comemorando o tempo que queria enquanto eu fiquei 3 (três) segundos acima do meu objetivo. Depois por ela não ter me puxado.
Poxa, acho que qualquer palavra dela me incentivando a acompanhá-la ia ter me motivado. Por outro lado, já aconteceu de ver também meninas tentando acompanhar meu ritmo e desistindo depois. Eu também nunca incentivei ninguém a continuar.
Me prometi  dar mais do meu sangue antes de desistir de acompanhar uma pessoa. Também incentivar incentivar sempre quando notar alguém querendo desistir. Afinal corrida é uma paixão. Não tenho obrigação de ganhar de ninguém, mas tenho sempre a obrigação de evoluir - um dia sendo mais persistente outro dia ajudando as pessoas a sê-lo.
Na quinta volta inventei de trotar. Foi ótimo porque antes de completar uns 20 metros conclui que definitivamente não tou pronta. Preciso voltar à realidade e lembrar do Dr. X. Um pouco de prudência não faz mal nessa situação, voltei a caminhar e terminei meus 5k em muuuuitos minutos. Feliz por ter conseguido mais do que pretendia. Triste por não poder ir mais forte.
Tempo e paciência.

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