Será domingo!

Muitas idéias, temas interessantes passaram pela minha cabeca durante os treinos…  mas toda minha preparação para maratona foi assim: fazer o que dá... e fiz o que deu. Não pude fazer alguns treinos em algumas semanas mais “corridas”, faltou talvez um pouco mais musculação, um pouco mais de cuidado com alimentação, faltaram vários post que queria ter escrito. Mas fiz realmente o que deu e me sinto pronta para domingo. Me sinto forte, com vontade, animadíssima e confiante. Até agora fiz bem os treinos, ADOREI os longões. Tenho certeza que vou conseguir e principalmente que vou continuar me divertindo até a chegada...

... por enquanto vou postar fotos dos ultimos longões (24k, 30k e 35k), mas volto depois por aqui para contar como foi e para concretizar no papel varias idéias e pensamentos que tive durante os treinos...

Diferentes solos nos treinos 

 Diferentes paisagens (outono na Alemanha)

treinando em casa (minha nova academia)

Determinação

Todo dia tenho várias razões para ficar quietinha no meu canto...

Mas um grande motivo para sair correndo!



Trio elétrico

Um domingo desses precisava correr não lembro mais se 16 ou 18 kms mas estava morrendo de preguiça. Como não estava muito calor, não precisava sair cedinho, fiquei a maior parte do dia adiando para “daqui a pouco eu vou”...

Depois de adiar algumas vezes e encher o saco de todo mundo de lá de casa que já falavam “vá logo mulher!!!” resolvi sair e cumprir logo a missão do dia.

Alguns metros depois - acho que uns 800m - quando o trote já tava encaixado e a aceleração progressiva quase alcancando o ritmo de navegação, percebi que tinha esquecido meu iPod (e olhe que tenho 2).

Bom, outro dia eu escrevo um post listando todos os meus acessórios de corrida. Todos eles têm um valor especial, amo-de-paixão, mas entre os mais importantes definitivamente está meu celular que é agora importantíssimo para minha segurança. Uso muito o GPS com mapa para me localizar quando estou perdida no meio do bosque (e isso acontece digamos que beeem frequentemente... hihihi) Fora isso tudo, geralmente quando os iPods estão sem bateria eu saio para correr ouvindo música no celular.

Quando notei que tinha esquecido também dos fones do celular conclui que ia ser uma corrida mais longa do que imaginava - com preguiça e sem música os minutos iam passar beeemm devagar... Mas não voltei para casa e resolvi seguir em frente.

Chegando no bosque corri alguns kms monótonos, somente vendo árvore, chão, terra, nozes e ouvindo  ventos e passarinhos... tudo bem, é tudo maravilhoso, mas de-fi-ni-ti-va-men-te não estava no clima para tanto verde. Precisava um pouco de música para ritmar meus passos. Não tive dúvida, peguei meu querido celular e coloquei música a toda altura no viva voz... música brasileira bem alta... o celular fica no bolso atrás do meu cinto de hidratação. Me senti definitivamente o próprio trio-elétrico no meio do bosque alemão.

No começo quando via que ia cruzar com outro corredor ia rapidinho baixar o volume, mas depois  não liguei mais... 1- não conheço quase ninguém mesmo por aqui... 2- seconhecer: não sou daqui, tou de passagem e venho de um país com outros costumes (no, no sssprrrreche doóitschi)... 3- e se não colar: sou doida mesmo, e dai?... e segui em frente com minha musiquinha para terminar o treino super feliz!!!

Crise...

Na semana passada quase desisti de fazer a maratona de Frankfurt. Estava querendo treinar, mas não estava conseguindo… marido viajando, primeira prova do meu filho na nova escolar alemã, novos papéis para mesma mulher, stress, tpm… A gota d’agua foi quarta-feira quando meu marido voltou de viagem e me animei para fazer 15km mas não consegui porque tinha a reunião na escola que tinha esquecido… só fiquei com 1 hora para correr… corri os piores 10km da minha vida, chateadíssima…

Pensei então em desistir e tentar no ano que vem … Com isso várias questões:

-          Desistir da maratona signifaria desistir de conseguir um tempo diário de 1h a 2h somente para mim. Desistir de tentar consciliar meu treino com todas outras responsabilidades de maior prioridade na minha vida (mãe, esposa, empregada e dona de casa).

-          Parar de correr significaria aceitar que a adaptação na Alemanha não tá sendo nada fácil para mim (e quem culpar por isso?).

-          Significaria também ficar chateadíssima, decepcionadíssima comigo mesma por não ter ido ao fim… (e onde compensar a frustração?).

Por outro lado não estava conseguindo cumprir a planilha. Sou perfeccionista e não gosto de entrar em um desafio para não conseguir dar no mínimo 100%...

Conversei com minha amiga Sandrinha e com meu treinador e eles foram contra.

Conversando com o Anderson, me senti mais segura. Ele me falou que muitos de seus alunos passam por períodos que não conseguem cumprir a planilha por causa do trabalho ou da família (lógico, somos amadores, e esporte vem depois da familia e do trabalho). Mesmo assim esses seus alunos conseguem os objetivos, inclusive iron man. Também tenho certeza que se o Anderson um dia achar que não vou conseguir correr a maratona ou que vou me machucar ele será o primeiro a me alertar.

Minha amiga Sandrinha, também apaixonada por corrida, mulher disciplinadíssima, me escreveu um email lindo com várias verdades que me fizeram pensar em continuar tentando…

-          Será que tenho mesmo que desistir em conseguir 1-2h diárias somente para mim? De quem mesmo depende disso?

-          Será que tenho mesmo que culpar alguém por uma fraqueza minha? De quem é mesmo a culpa?

-          Será que estou fazendo mesmo tudo que eu posso?

-          Adiar, para quando?

Preciso mudar meu foco e mudar minha cabeça para não pensar no tempo que vou terminar a maratona. Tenho que fazer a maratona pensando somente em conseguir finalizar a prova e principalmente em me divertir no caminho de agora até a linha de chegada…

Será minha primeira maratona. Sei que será sofrida. Mas preciso também dessa provação.

Fazer essa maratona para mim não será somente provar para mim mesma que vou conseguir correr 42.195m. Terá outros significados. Será uma prova de sucesso da minha adaptação aqui. Será uma prova para minha família que por eles eu faço tudo – inclusive me readaptar na Alemanha. Será uma prova que não vou desistir de mim.

Então, novas resoluções:

1) Comecei a acordar cedinho (antes das 6 horas) para correr e depois tenho o dia inteiro para trabalho, filhos, casa, marido, etc, etc, etc (muuuuitooos etcs)…

2) Vou comprar uma esteira para quando marido viajar conseguir treinar em casa (na Alemanha não tenho com quem deixar os filhotes para treinar). Tenho um espaço legal em casa e estou pensando em montar uma mini-academia para mim. Depois falo aqui mais sobre isso.

Paisagens

Hoje resolvi colocar somente algumas fotos das trilhas que já percorri aqui nos meus treinos:

Langen (Langener Waldsee) - Trilha no bosque perto de casa:

Frankfurt Am Main - Trilha perto do escritório:

Treino de hoje cedinho (ida) - Trilha campo perto de casa:

Treino de hoje cedinho (volta) - Trilha campo perto de casa:



E os treinos?

Bom, muitas coisas aconteceram depois da última vez que escrevi sobre meus treinos.

Baixei uma planilha da internet de um treino de 3 meses para maratona, de um site de corridas alemão, e tentei cumprir… mas desisti. Me senti insegura. Para mim a maratona significa um grande investimento de tempo e energia. Não podia simplesmente arriscar minha saúde com uma planilha genérica. Senti que estava me sabotando… então resolvi importar uma planilha do Brasil… meu treinador preferido e o melhor treinador do muuundo Anderson Dias está me ajudando nisso. Socooooorrro Anderson!!!!

Quando estava tentando a planilha genérica senti minhas pernas muito travadas e o pior foram as dores no pé direito. Acho que foi de tudo um pouco: aumento repentindo de volume,  falta de musculação já que depois da minha mudança eu não tinha ainda entrado na academia, um pouco psicologico pore star usando uma planilha genérica e principalmente solos desregulares das trilhas onde estou treinando (ainda vou tirar as fotos para postar aqui).

Com as planilhas do Anderson me senti mais segura. Primeiro ele diminuiu o volume e me orientou a evitar a rua e fazer nas primeiras semanas treinos mais na esteira… foi difícil mas consegui… o pé e as pernas comecaram a melhorar. Primeiro doiam muito, mas depois somente nos primeiros kilometros ficando dormentes depois e depois melhorando … Voltei a fazer a santa musculação e agora não sinto mais nenhuma dor. Voltei a correr nas trilhas prestando mais atenção onde piso, mas não sinto mais dores. O volume foi aumentando aos poucos e estou me sentindo mais segura.

Semana passada foi super quente aqui na Alemanha. Quente e muito úmido, com direito a mini-tornado e tudo. Tentei seguir a planilha do Anderson na melhor maneira possível. Evitando a esteira porque academia sem arcondicionado no calor na Alemanha ninguém merece (PELAMORDEJESUSLUZZZ)… ai já viu né… sem musculação. Cumpri o volume, mas a sensação era que corria, corria e não saia do lugar… foram treinos difíceis, suei bicas e me senti com 300 kilos. Coloquei culpa até na comida, me achei enorme de gorda, mas subia na balança e realmente não tinha mudado muito.

Mas calor dura pouco aqui, e tivemos um final de semana fresquinho. Ótimo para os 21km que tinha que encarar no domingo… Tava com medo, mas foi ótimo. A sensação pesada tinha passado. Corri mais solto e me senti MARAVILHOSA!!! (ok um pouco demais de endorfina, mas tudo bem, foi assim que me senti mesmo… rs rs rs, vcs conhecem bem o efeito que a endorfina me faz, me sinto nada menos que a mulher maravilha e ninguém-me-segura!!!!…)

Não foi a performance das meias-maratonas que fiz em 2010, mas consegui completar em menos de 2h… Tudo que precisava para me sentir mais forte, de volta e confiante que vou conseguir pelo menos alcançar a linha de chegada da maratona de Frankfurt em 30 de outubro de 2011.

Amigos novos e amigos antigos

A alguns anos atras (mas nem tantos anos assim) na minha cidade natal, sempre fui uma pessoa bem extrovertida, sempre conheci muuuuita gente e sempre tive muitos amigos. Sempre cheguei nos lugares e encontrei conhecidos. Isso mudou um pouco desde que sai de Recife e fui morar pela primeira vez para Alemanha logo depois que me formei. Depois voltei para o Brasil, para outra cidade cheia de desconhecidos, trazendo da europa um pouco de introspeção.

Bem, mas muitas coisas boas a corrida me proporcionou e entre elas, talvez uma das mais importantes é o fato de me sentir novamente rodeada de amigos. A corrida me fez relembrar esse meu lado extrovertido e popular, me fez encontrar e reencontrar muitos amigos. Dificilmente vou para uma prova sem encontrar alguém.

Sobre os amigos que encontrei na corrida e por causa da corrida, sem palavras... eles sabem quem são e o espaço que têm guardado no meu coração. Mas do que quero falar são dos reencontros.

Na meia maratona do Rio reencontrei um antigo amigo da universidade no aeroporto do Rio indo embora para São Paulo – ele com a esposa tinha voltando para Recife  e eu com uma amiga voltando para São Paulo. Reencontramos na porta do elevador, deu somente para conversar rápido, conversas típicas de corredores sobre o desempenho da prova, nada sobre a nossa profissão nem nossas escolhas.

Foram muitas desses encontros, mas o maior reencontro que a corrida me fez vivenciar foi um dia estava saindo de uma prova da T&F no ano passado. Nossa! Vi aquele rosto super familiar de uma amiga de infância que não tinha visto desde que entramos na faculdade - uns 15 ou 20 anos, será? Melhor nem fazer as contas.

Era Renata mesmo. Também de Recife, Renata tinha tios na mesma cidade de interior que meus avós moravam, no sertão de Pernambuco. Passamos muitas férias juntas. Convivemos mais na infância e quando fizemos o 2º grau na mesma escola. Eramos muito cdfs, mas de área diferente... rs. Diferentes caminhos nos levaram para diferentes rumos da vida até aquela corrida da T&F. Agora as duas já casadas com filhos e morando em São Paulo e com uma paixão em comum: a corrida.